Especial: Senador Major Olímpio e a luta contra a desigualdade à classe policial
Em entrevista à Revista AOPP, o senador Sérgio Olímpio Gomes (PSL-SP), conhecido como Major Olímpio, fala sobre a sua vida, carreira militar, política e assuntos polêmicos como os reflexos da Reforma da Previdência para os profissionais da Segurança Pública.
“Como um sujeito boca dura, que a gente diz no linguajar do quartel, eu sempre reivindicava melhorias para o bom desenvolvimento da atividade policial”. A frase é do senador Sérgio Olímpio Gomes (PSL-SP), o Major Olímpio, em entrevista à Revista AOPP.
Neste encontro, ele recordou os velhos tempos de sua carreira mi-litar de 29 anos, quando trabalhou ao lado das suas tropas nas ruas, e vivenciou muitas dificuldades que atrapalhavam o trabalho de policiamento como, por exemplo, falta de manutenção das viaturas, de armas e principalmente a desvalorização profissional que hoje, se tornou o seu compromisso de combate à frente do Senado.
Nascido em Presidente Venceslau, no dia 20 de março de 1962, e filho do agente penitenciário Deraldo Olympio Gomes (in me-moriam), Major Olímpio viu na infância, o esforço de seu pai para garantir o sustento do lar junta-mente com a mãe, Dona Alaide Maria Gomes.
“Minha família era humilde e eu entrei na Polícia Militar com 15 anos de idade, ingressando na Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Fui presidente do Diretório Acadêmico XV de De-zembro, a entidade representativa dos cadetes”, comentou o Sena-dor lembrando que na época, era objetivo e direto ao fazer reivindicações aos seus superiores para cobrar melhorias aos seus colegas.
“Eu sempre tive um perfil mais aguerrido do que é o esperado em relação as carreiras militares. Procurei ser o mais verdadeiro possível, só que esse verdadeiro sempre incomodou”, completou, observando que a firmeza da sua postura o tornou alvo de perseguições.
Formado em 1982, o oficial atuou em várias unidades militares, co-ordenando e somando esforços nas ruas com os seus comandados. Diante de dificuldades como falta de armas, de coletes, de viaturas mal equipadas, bases mal estruturadas e outros, não se calou. Muito menos disfarçava o problema. Para o oficial, era inadmissível omitir a desvalorização contra uma categoria que trabalha arris-cando a própria vida para proteger a sociedade. Já viu colegas e subal-ternos serem baleados em serviço e, infelizmente, teve que procurar familiares para comunicar faleci-mentos de militares em serviço.
Diante dos descasos que via, passou a fazer parte de associações militares, inclusive da Associação Paulista dos Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo, onde foi presidente e se destacou no combate às injustiças e desmandos com a classe policial.
“Pela própria Constituição, é proibido ao militar federal e por consequência, o militar estadual o direi-to de sindicalização. Não precisamos nem escrever porque pela nossa profissão, já temos um compro-misso de até morrer pela sociedade. Por maior que seja a nossa dor, a dor da sociedade sempre será maior, e na dúvida, sempre estaremos com a sociedade. Por isso que muitos policiais militares são baleados, acabam em cadeiras de rodas, contraem doenças e outras sequelas. Por expor tudo isso, acabei sendo punido, transferido várias vezes até o ponto que pessoas mais próximas com que eu trabalhava me diziam você vai acabar sendo conde-nado e perdendo posto de patente por você dizer de-mais. As verdades são ditas só que dentro de uma estrutura militar, vão te punir”, observou.
Novos rumos
No decorrer de sua carreira militar, o Major Olímpio se tornou Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, jornalista, professor de educação física, especialista em defesa pessoal, instrutor de tiro e autor de livros sobre segurança. Sem parentes políticos e mui-to menos alguma filiação parti-dária, ele ingressou na política em 2006, sendo eleito deputado estadual com 52.386 votos, tendo sido reeleito em 2010, com 135.409 votos. Em 2015, conseguiu se eleger deputado federal com mais de 179 mil votos. Em 2018, foi eleito senador com mais de 9 milhões de votos. Após à surpresa da expressiva votação, o parlamentar viu o quanto o seu compromisso com a sociedade não só fortaleceu, mas como aumentou. Ele se tornou líder do partido PSL no Senado.
Reforma da Previdência
Ao ser questionado sobre o assunto que preocupa a categoria policial militar, o senador comentou que ela é necessária para promover o equilíbrio dos recursos no setor.
“É necessário você estabelecer uma nova previdência, com novos critérios, para promover o equilíbrio. O que entrou em desequilíbrio por uma série de razões foram a incompetência, má-fé e desvio criminoso de recursos, observou, apontando a necessidade de estudos e a participação da população para acompanhar os desdobramentos”.
No entanto, o senador aponta que para a categoria de policiais militares, é necessário que haja um entendi-mento por parte da sociedade de que o assunto precisa ser tratado de maneira diferenciada para os profissionais da segurança pública.
Confira esta reportagem nas páginas 6 a 9 da edição impressa da Revista AOPP.