“PM Vítima” – protegendo o Policial Militar e sua família
Inúmeros casos de policiais militares assassinados foram publicados pela imprensa, causando assim medo e insegurança entre os profissionais da Segurança Pública que trabalham colocando suas vidas em risco. Além de colaborar com a Polícia Judiciária no esclarecimento desses crimes, a Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo criou, em 1983, a “Equipe PM Vítima”, que também atua na proteção aos policiais militares e seus familiares que se sentirem ameaçados.
“Em alguns casos, como já ocorreu esse ano, por deliberação do Corregedor da Polícia MIlitar, atuou de forma colaborativa na elucidação de um caso em que a vítima era irmão de um Policial Militar. Nesse fato específico, após o acionamento de equipes especializadas das Polícias Civil e Militar, houve o pedido de apoio do Departamento PM Vìtima, havendo sucesso em curto espaço de tempo em se chegar a motivação do crime, autoria, localização e prisão dos autores do crime, culminando com a localização do corpo do irmão do Policial Militar, em uma área rural”, declarou o Chefe do Departamento, Tenente Coronel PM Flávio César Montebello Fabri.
De acordo com ele, a equipe entra em ação após a elaboração do Relatório de Policial Vítima (RPV). Assim, se iniciam os trabalhos “de campo”, atuando juntamente com a Polícia Civil.
“Com essa atuação, chegando-se a autoria, é feito o pedido de prisão do autor. É levada a cabo então o que chamamos de Operação de Inteligência. É o momento em que nossos agentes, muitas vezes juntamente com policiais civis, planejam e promovem operações para a prisão do infrator para que responda na Justiça pelo crime que é acusado.
Um fato interessante da atuação dos agentes do Departamento PM Vítima é que, quando se produz informação suficiente que demonstre que o paradeiro de um criminoso que vitimou um Policial Militar, após empreender fuga, é outro Estado da Federação, por deliberação do Corregedor PM (e de mais autoridades do Alto Comando), há o deslocamento de nossos agentes que, juntamente com a polícia local, efetua a operação para a prisão do infrator. Em caráter recente já ocorreram deslocamentos operacionais para os Estados da Bahia, Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina”, comentou.
NÚMEROS Segundo o Tenente Coronel, em 2017, registrou-se 179 policiais militares vítimas de ameaça, 140 de tentativa de homicídio e 58 vítimas de homicídio. Dos policiais que foram vítimas de homicídio em 2017, 3 foram em serviço, 39 de folga e 16 policiais militares veteranos.
Esses casos foram registrados pelos agentes do Departamento, havendo os trabalhos de campo com a finalidade de identificar, produzir provas, trabalhar de forma colaborativa com a Polícia Civil e, com o mandado de prisão, efetuadas as Operações de Inteligência necessárias.
“É um trabalho intenso, contínuo, que exige bastante empenho dos agentes pelo Departamento lotados, mas também gratificante. Há um apoio muito grande por parte do Corregedor PM, Sr Cel PM Marcelino, tão como do Comando da Instituição”, disse.
CASOS Além de atuarem no caso da policial militar Juliane, o oficial cita outro episódio marcante. “Chegou uma informação que um criminoso, pertencente a uma Facção, teria a intenção de cometer homicídio contra um policial militar que atua no interior. A motivação seria vingar amigos que, durante a prática do tráfico de entorpecentes, efetuaram disparos de arma de fogo contra uma equipe da Polícia Militar que iria efetuar a prisão dos mesmos. Um desses criminosos acabou por falecer. O integrante da facção, que possuía amizade de longa data e vínculos emocionais com o criminoso que atentou contra a integridade da equipe policial, jurou vingar sua morte. Em um trabalho de inteligência extremamente intenso, esse criminoso (que possui extensa ficha criminal e era foragido do sistema penitenciário) foi preso por agentes do Departamento PM Vítima. O policial militar que seria “o alvo” da vingança teve sua vida preservada”, contou.
E falando sobre preservação de vida, o Tenente Coronel Fabri dá a seguinte orientação para o policial que se sentir ameaçado. “Assim que o policial militar verifica que há uma ameaça real contra sua integridade, o mesmo informa o comando de sua unidade e, assim que possível, entra em contato com os agentes do Departamento PM Vítima. É adequado que, além de informar sua unidade, que também se dirija a uma Delegacia e registre Boletim de Ocorrência. O registro é importante para que possamos, com mais eficiência, prover uma resposta técnica”, informou.
PALESTRAS Uma das atividades do Departamento PM Vítima, também, é a orientação do público interno, mediante palestras.
“Nossos agentes se deslocam para as unidades da Polícia Militar e expõem a respeito das missões da Corregedoria PM e Departamento PM Vítima, orientam em relação a segurança do policial militar, tão como casos em que houve vitimização. Há uma excelente aceitação e recepção quando nossos agentes ministram estas palestras. O policial militar é importante para sua família, amigos, para a instituição Polícia Militar e para a sociedade. Dar apoio ao policial militar quando ele mais necessita ou, quando o mesmo se torna vítima, prover a resposta, responsabilizando na justiça (independentemente do tempo que leve) quem ousou atentar contra a integridade de um “dos nossos” é uma missão sagrada. No ano que passou prendemos no interior de São Paulo o homicida de um policial militar. O criminoso permaneceu foragido por 22 anos. Era o nosso caso mais antigo. Não esquecemos dos nossos heróis e a impunidade não é uma opção. Mesmo que demore muito tempo, o criminoso será alvo de nossos agentes para que responda por seu crime”, finalizou.
Leia a matéria na edição 20 da Revista AOPP.
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